"Não me diga para permanecer o mesmo."
FOCAULT
"Aquele que é, por ser tal como está, não será assim para sempre."
BRECHT
Caminhada rápida. André nos protocolou no ontem e faz uma grande observação: sempre começamos no sentido anti-horário e, logo, terminamos no sentido horário. Esta observação e coisas assim, me passaram desapercebidas na desatenção.
Conversa de ontem no hoje. A roda: horizontalidade (ao meu ver). As pessoas: redundantes (mas, mesmo assim, pessoas). O Ed[gar]: que sempre se apoia pela mão esquerda ao sentar (e me pergunto: por quê?). Conversa (e a testa que franze e desfranze do "mestre" Ed). A questão da energia sempre entra em [nova] questão - medir o grau de energia que se utiliza em cena principalmente em relação ao espaço. E, já que, o teatro tenta comunicar o movimento humano, se despir na ação e humanizar! Porque estamos aprendendo que se a forma enrijece perdemos o conteúdo. Forma e conteúdo andam juntos mesmo, a forma traz alguns conteúdos e o conteúdo traz algumas formas, perde-los pelo meio do caminho pode trazer dificuldades. Mas, gostamos de dificuldades. Uma delas tem sido o como atingir o máximo com o mínimo. O mestre nos lançou logo de início a idéia de OCUPAR o espaço, afinal, segundo o Ed: estamos no mundo para ocupar espaço. Trabalhamos com o que temos: bambus, roupas surradas de ensaio, santo da D. Beth, a praça Rui Barbosa, o galpão e, principalmente, a CRIATIVIDADE e a IMAGINAÇÃO. Aqui é o lugar da experimentação (não é?), então, o que estamos fazendo é CRIAR e IMAGINAR, mas com cautela - e se doando. Sem regras ou fórmulas, buscando qualidade. Buscando "qualidade" não só da apreciação da forma, mas como um todo. Buscando, principalmente, nossa humanização!
Direção! Juninho com Morte, Vida Severina; Fernando com Domingo no Parque; Sagatiba com Santo Milagroso; Inês[quecível] com El Cidi. Vizualizamos a falta de energia junto com baixa voz de alguns e a troca de personas de outros. Outros, ainda, nos surpreenderam com o surgimento de pessoas da privada e outros nos mostraram movimentos muito bem decupados. O Edgar, O Rei dos Truques, nos ensinou mais um macete: se o ator enxergar todo mundo da platéia é porque a platéia o enxerga (oooooooh). [O mestre Ed, O Rei dos Truques, desvenda tudo em doses pequenas, pra ficarmos com gostinho de quero mais]. Ao final, ou quase final, houve um comentário sobre signos presentes na cena de Domingo no Parque. Algo que confundiu sobre aquilo que pensava ser um signo. Gerou dúvida. Porém, quem duvida, pensa. Quem pensa, busca. Sendo assim, estou a buscar, ou melhor, ESTAMOS a BUSCAR.
Observo, dessa vez, sem passar desapercebido na desatenção, a redundância que ainda nos visita em toda roda de conversa. Segundo a Lúcia, somos uma turma bastante opnativa - mas opnamos a mesma coisa várias vezes. O Ed nos lembrou de outra coisa importante: a complexidade dos comentários. Mas, estamos a buscar. Buscar a qualidade, a poesia, a desredundância, o crivo de comentários, a ocupação do espaço, o domínio da energia, a verosimilhança, a forma, o conteúdo, a humanização, as ambiguidades, o eixo predominante, a precisão, o tempo, os registros, o movimento da vida, a [trans]formação, o [in]crível, o fluxo, a potência criativa ou destrutiva, o balançar natural dos braços, o enraizar, a expansão com sutileza, a potêncialização do centro vital, a desreitificação, a dúvida, o saber, o desencouraçamento, a origem, a igualdade com diferença, o auto-conhecer, a respiração... (Ufa!) ["Escrevo para ajuda-la a revelar-se - revelar-se, rebelar-se - e buscando-a, me busco e encontrando-a, me encontro e com ela, nela, me perco." (Eduardo Galeano)] Me buscar, te buscar, nos buscar!
*Sobre a aula de 15/04/08
lilian
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