quarta-feira, 1 de abril de 2009

PAQUITA PRETA


Quando eu era criança, queria ser Paquita... Mas não adiantava ser boa menina e estudar. Não existe Paquita preta.
Eu também não era preta. NEGRINHA! Era assim que os amiguinhos me chamavam.
"Ih! Lá vem a negrinha!"
"Não brinca com a negrinha. Ela tem piolho!"
Eu dormia na escola... Desde pequena aprendi que o melhor da vida era dormir. Pois dormindo eu sonhava... E sonhando eu podia até ser PAQUITA da XUXA!
Quando falei com papai pela última vez, parecia sonho. Tão amoroso, bêbado e até gentil. Me colocou no colo... 38 na mão... e disse que amava mamãe. Por isso ela tinha que morrer.
Como não era sonho, rezei! Pedi a papai-do-céu pra matar papai e salvar mamãe. Papai sumiu!
E quando apareceu, papai era uma planta. Eu não queria ver papai-planta. Tinha medo de ver o que fiz.
Mas vovó querida, afagou os meus cabelos e sussurrou ao meu ouvido:
"- Olha só o que você e a vadia da sua mãe fizeram com meu filho!"
Foi aí que eu quebrei!
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